sábado, 2 de outubro de 2010

Sóbria

Eu caminhei pelas mesmas ruas; eram as mesmas esquinas, mas eu não estava indo para o mesmo destino.
Dessa vez eram pessoas rindo desesperadamente, falando alto, aparentemente todos felizes - pessoas comuns. Me sentei para assistir o espetáculo, me concentrei naquela minha visão periférica, onde eu enxergava um garoto, sendo carregado pelos amigos, totalmente fora de si ... ele balbuciava algumas palavras sem sentido, e os amigos riam de sua face suja de algo estranho e nojento. Mudei minha visão para outro foco, então avistei um garoto sentado num canto, ouvindo uma musica pelo auto-falante do celular, seus amigos falavam tão mais alto que aquela música, gesticulavam desesperadamente, e aquele garoto parecia estar em transe - em suas mãos se movia algo pequeno e com um cheiro horrivel; confesso que aquela fumaça me causou náuseas -
Tentei mais uma vez me distrair com qualquer outra visão que não fosse algo tão lúdico, algo tão falso, algo tão hipócrita, mas por toda parte o que pude ver e ouvir eram pessoas falando sem parar, todas ao mesmo tempo, eram quase como estrangeiros, a qual eu jamais entenderia tal língua.
Minha cabeça começou a girar, e me perguntei o que estaria eu fazendo ali.
Que mundo seria aquele a qual eu estava tentando me encaixar, qual era o meu papel naquele grupo de pessoas, e por que, por que não poderia eu pegar a garrafa de alcool da mão de alguém e me afogar naquela coisa ilusória?

Enfim, me levantei - naquele famoso 5 minutos de estalo - e sai sem dizer uma palavra. Não houve despedidas. Mas aliás, me despedir para que já que no dia seguinte nenhum daqueles bêbados lembrariam que de fato estive ali? Enfim, vim andando ... devagar e constante.
Minha cabeça estava pertubada, meus pensamentos giravam, e cheguei a conclusão de que eu não quero fazer parte de nada daquilo, aquilo não me pertence, nunca pertenceu.
Eu acredito que podemos encontrar nossa loucura na própria sanidade; talvez esse pensamento já seja sinal de algo insano, não sei ao certo, mas é um dos fundamentos que carregam meus príncipios nos braços. Me sinto capaz de ser feliz sendo o que sou, me sinto capaz de visitar outros mundos sem me afogar numa garrafa de alcool, ou tragar quaisquer fumo.

Isso é o que eu sou, e hoje finalmente consegui me aceitar.
Ser o que sou, pode até me tonar algo anti-social, mas eu também tenho meus vicios;
Jamais dispensaria uma boa dose de café; a única droga que me tira daquele estado mórbido, e me levanta todos os dias.

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